Por Rick Boxx
Paul, um amigo meu, e alguns investidores lançaram um novo negócio com base em um promissor novo produto médico. O conceito do produto era excelente, mas quando a comunidade médica o colocou em uso, ele não foi eficiente devido a falhas importantes no design.
Quando Paul comunicou a seus investidores que o produto necessitava ser revisado, estes não aceitaram o que o seu pessoal de vendas estava dizendo acerca dos problemas de design. Os investidores acreditavam que o produto não necessitava de mudanças e que seus representantes de vendas simplesmente deviam intensificar seu trabalho de marketing.
Por fim, com o negócio rapidamente beirando o fracasso, Paul fez um último esforço para convencer o grupo investidor a deixá-lo alterar o design. Com grande relutância, os investidores finalmente concordaram e as mudanças foram implementadas. Para surpresa dos investidores – mas não de Paul – dentro de três meses as vendas dispararam, as perdas foram revertidas e a comunidade médica tinha um produto cujo uso a empolgava.
Esse cenário ilustra um problema bastante comum no meio empresarial e profissional. Indivíduos que ocupam os níveis mais altos na liderança e administração tomam decisões vitais sem consultar os trabalhadores da linha de frente, sejam eles os que estão envolvidos na manufatura dos produtos ou aqueles que fornecem serviços, além da equipe responsável pelas vendas e marketing. Quando os resultados não são os esperados, os líderes se debatem para entender o que deu errado.
Décadas atrás, foram introduzidas mudanças significativas para abordar esse problema tão comum. Tudo começou no Japão, onde os trabalhadores eram regularmente consultados antes que mudanças que afetassem diretamente suas áreas de trabalho fossem implementadas. É interessante observar que um catalisador dessa mudança foi W. Edwards Deming, engenheiro e consultor de gerenciamento americano. Entre suas muitas contribuições destacam-se a ênfase na melhoria dos serviços e um nível mais elevado na qualidade dos produtos. Um de seus “14 Pontos Para a Gestão” era: “Coloque todos na companhia para trabalhar a fim de realizar a transformação. A transformação é tarefa de todos.” Isso levou ao desenvolvimento de círculos de qualidade e ao gerenciamento participativo, dando a todos a oportunidade de oferecer material para os sistemas e processos.
A abordagem de Deming foi revolucionária para o mundo dos negócios da época, mas suas ideias não eram novas. A Bíblia fala bastante a respeito do valor de obter-se o conselho e a perspectiva de pessoas com conhecimento direto da questão. Por exemplo, Provérbios 12:15 ensina: “O tolo pensa que sempre está certo, mas os sábios aceitam conselhos.”
No ambiente de trabalho, todos os dias enfrentamos uma batalha de duas frentes: a batalha contra a concorrência e a batalha para obter o favor dos clientes. Provérbios 11:14 instrui: “O país que não tem um bom governo cairá; com muitos conselhos há segurança.” Outro versículo igualmente observa: “Ser sábio é melhor do que ser forte; o conhecimento é mais importante do que a força. Afinal, antes de entrar numa batalha, é preciso planejar bem, e, quando há muitos conselheiros, é mais fácil vencer.” (Provérbios 24:5-6).
Devemos ser sábios para jamais desprezarmos a sabedoria de outras pessoas no ambiente de trabalho, especialmente daquelas que estão mais próximas dos clientes, bem como dos processos produtivos. Elas podem ver – da linha de frente – coisas que nós não podemos enxergar da “torre de marfim”.
Próxima semana tem mais!
Rick Boxx é presidente e fundador da "Integrity Resource Center", escritor internacionalmente reconhecido, conferencista, consultor empresarial, CPA, ex-executivo bancário e empresário. Adaptado, sob permissão, de "Momentos de Integridade com Rick Boxx", um comentário semanal acerca de integridade no mundo dos negócios, a partir da perspectiva cristã. Tradução de Mércia Padovani. Revisão de Juan Nieto.
Perguntas para Reflexão ou Discussão1.Você já esteve na situação de ter problemas com o design ou serviço de um produto, mas os líderes corporativos não estavam dispostos a fazer as mudanças necessárias? Qual a causa de sua relutância quando as falhas eram evidentes?
2.Qual o melhor modo de vencer essa relutância?
3.Gerenciamento participativo e círculos de qualidade hoje são conceitos em uso já há vários anos. Qual sua experiência com eles?
4.As passagens bíblicas citadas falam da importância de buscar conselho de pessoas com conhecimento e perspectivas diretos de processos vitais. Como determinamos quem devem ser esses conselheiros?
Nota: Desejando considerar outras passagens da Bíblia relacionadas ao tema, sugerimos: Provérbios 12:15; 15:22; 19:20,27; 20:18; 27:17; Eclesiastes 4:9-12.
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