Por Rick Boxx
Anos atrás o mundo empresarial ficou fascinado por um livro intitulado, “O Princípio de Peter”, do Dr. Lawrence J. Peter. O livro enfocava uma armadilha comum no avanço da liderança: “Ao promover continuamente aqueles que apresentam alto desempenho, chegará o momento em que os levaremos a um nível de incompetência”. Em outras palavras, o sucesso em nível de empreendimento não é garantia de sucesso em níveis de autoridade e responsabilidade.
Embora o livro do Dr. Peter tenha sido publicado há mais de 40 anos, esse “Princípio de Peter” continua sendo praticado hoje, frequentemente com prejuízo para indivíduos e as organizações que os empregam. De acordo com a Harvard Business Review, os pesquisadores Alan Benson e Kelly Shue testaram essa teoria estudando o desempenho de pessoas da área de vendas que foram promovidas para posições de gerenciamento.
Benson e Shue descobriram que vendedores de alto desempenho geralmente não eram bons gerentes, confirmando o Princípio de Peter. Quando lhes era oferecida uma promoção, algumas aceitavam por conta da compensação adicional que era inclusa. Ou assumiam a nova posição por orgulho, desejando o status ou a autoridade que a acompanhavam, ao invés de humilde e honestamente pesar suas habilidades, avaliando se a função proposta se ajustava a elas. Deixar de perceber a possibilidade de se tornar um “pino quadrado”, lutando para se encaixar em um “buraco redondo”, pode levar a um fracasso desnecessário.
Por exemplo, indivíduos persuasivos, com habilidade para lidar com pessoas e que estão capacitados a ser excelentes em vendas, podem carecer da liderança necessária ou habilidades administrativas para lidar eficientemente com os desafios de gestão e de liderar outros. Uma promoção assim pode ser mais uma penalidade do que uma recompensa.
As consequências de levar indivíduos de alto desempenho para novos papéis são significativas em diversos níveis. Para uma corporação o ideal seria que cada indivíduo fosse colocado numa posição em que pudesse tanto se sobressair quanto progredir. O adágio sobre uma corrente apenas ser tão forte quanto seu elo mais fraco, se aplica a pessoas promovidas a postos acima de sua capacidade.
Nos esportes, nem todos os atletas de ponta estão capacitados para experimentar igual sucesso como administradores, treinadores ou executivos da área. De igual modo, promover alguém para um papel que requeira habilidades e talentos diferentes pode ser frustrante para todos. Alguns que sentem grande alegria e senso de realização em sua posição atual, passam a se sentir infelizes ao desempenhar outro papel para o qual não estejam perfeitamente adaptados. Ao mesmo tempo, as pessoas que se reportam a eles se sentem reprimidas em sua própria produtividade.
A Bíblia oferece discernimento para esse dilema:
Busque sabedoria para discernir como utilizar melhor os talentos e habilidades das pessoas. Líderes efetivos aprendem a compreender as pessoas que trabalham para eles – suas habilidades, interesses, objetivos e limitações. Decisões referentes a promoções devem ser tomadas tendo em mente todos esses fatores. “Esforce-se para saber bem como suas ovelhas estão, dê cuidadosa atenção aos seus rebanhos” (Provérbios 27:23).
Não permita que o orgulho ou a ambição desviem o rumo de sua carreira. Sem dúvida, a excelência deve ser reconhecida e recompensada. “Você já observou um homem habilidoso em seu trabalho? Será promovido ao serviço real; não trabalhará para gente obscura” (Provérbios 22:29). Entretanto, a ambição e o desejo de ser reconhecido podem levar a decisões erradas para a carreira: “O orgulho do homem o humilha, mas o de espírito humilde obtém honra” (Provérbios 29:23).
Se você deseja ser respeitado pelo seu trabalho, concentre-se naquilo que faz melhor e peça à sua organização a recompensa apropriada para seu sucesso.
Próxima semana tem mais!
Rick Boxx é presidente e fundador da "Integrity Resource Center", escritor internacionalmente reconhecido, conferencista, consultor empresarial, CPA, ex-executivo bancário e empresário. Adaptado, sob permissão, de "Momentos de Integridade com Rick Boxx", um comentário semanal acerca de integridade no mundo dos negócios, a partir da perspectiva cristã. Tradução de Mércia Padovani. Revisão de Juan Nieto (jcnieto20@gmail.com).
Questões Para Reflexão ou Discussão1. Você conhecia o “Princípio de Peter”?
2. Em sua experiência profissional, ele afetou você ou algum colega de trabalho?
3. Quais as consequências de promover pessoas acima de seus níveis de competência?
4. Como um bom líder pode discernir se um indivíduo de alto desempenho deve receber uma promoção ou apenas ser reconhecido e recompensado por seu trabalho, permanecendo na mesma posição? E como alguém pode avaliar honestamente se deve aceitar uma promoção que lhe é oferecida quando é altamente eficiente no trabalho que faz atualmente?
Desejando considerar outras passagens da Bíblia relacionadas ao tema, sugerimos: Provérbios 11:2; 12:9; 15:33; 16:18; Romanos 12:3-8; 1Coríntios 12:12-26.
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