Por Robert Tamasy
Quando se inicia um negócio, espera-se que ele atraia clientes e consumidores. Mas, uma vez que isso esteja assegurado, surge a questão: “Como podemos crescer?”, seguida por “Quanto devemos crescer?”. Embora as respostas a ambas as perguntas variem de uma companhia para outra, crescimento raramente é visto como uma coisa ruim. Quanto maior, melhor, certo? Mais lucro, maior impacto, marca mais sólida. Algumas vezes, porém, seria sensato fazer uma pergunta diferente: “Quando ‘grande’ é grande demais?
Isso me veio à mente depois que li uma postagem do blogueiro de marketing Seth Godin, no qual ele citava um hotel gigante, com mais de 1.000 quartos, em uma grande cidade dos Estados Unidos. Eu tinha uma boa ideia do que ele estava falando, já que estivera em um hotel muito semelhante algumas ocasiões. Poderíamos ser tentados a imaginar: “O que há de errado em um hotel exageradamente ornado com mais de 1.000 quartos?
Como Godin ressaltou, a fila para registrar a entrada e saída no hotel era sempre longa, exigindo uma espera prolongada por parte dos hóspedes que chegavam ou deixavam o hotel. A academia de ginástica totalmente equipada estava sempre cheia, desde as 5 horas da manhã, o que significava que a possibilidade de se exercitar que se encaixasse na agenda de uma pessoa era incerta. Quanto ao serviço pessoal, não havia a menor possibilidade de qualquer membro da equipe do hotel conhecer, e menos ainda cumprimentar um hóspede pelo nome ou mesmo reconhecê-lo pelo rosto.
Estabelecimentos como esse se tornam grandes porque geram lucros. Os acionistas ficam felizes. Os seus recursos financeiros lhes permitem oferecer amenidades com as quais estabelecimentos menores mal poderiam sonhar. Mas, como Godin perguntou, ser o maior é o mais importante, ou se esforçar por ser melhor, não importando o tamanho, é a chave?
Algumas vezes faço compras nos chamados “atacarejos”, os quais compram grandes quantidades de produtos e os oferecem a preços menores que os competidores. Eles têm um certo atrativo. Porém, invariavelmente, estas lojas pecam no serviço ao cliente. Às vezes, achar um empregado para pedir ajuda parece impossível. Sendo assim, para mim, como cliente, ser maior definitivamente não é o melhor.
Isto não quer dizer que crescer e se tornar grande é universalmente ruim. Mas é algo que deveria ser buscado com precaução e com um planejamento cuidadoso sobre como evitar que a “grandeza” deteriore os valores fundamentais que ajudaram o negócio estabelecer-se e prosperar desde seu início. Eis aqui alguns princípios da Bíblia – alguns bastante familiares – que seria útil considerar:
O serviço deveria sempre vir em primeiro lugar. As melhores companhias são conhecidas por um excelente serviço, assim como por seus produtos. Quando as pessoas são bem servidas se tornam clientes assíduos. “Como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate por muitos.” (Mateus 20:28).
Compromisso para satisfazer – e mesmo superar - as expectativas. Nos negócios sempre esperamos um dia lucrativo, mas às vezes o comprometimento com fazer o melhor pelo cliente é a maior recompensa, com a maior taxa de retorno. “...Há maior felicidade em dar do que em receber.” (Atos 20:35).
Foco na missão. Podemos alimentar grandes sonhos de crescimento, mas até que ponto o crescimento vai prejudicar a fidelidade à missão e valores da companhia? “O homem de discernimento mantém a sabedoria em vista, mas os olhos do tolo vagueiam até os confins da terra.” (Provérbios 17:24).
Próxima semana tem mais!
Robert J. Tamasy, vice-presidente de comunicações da Leaders Legacy, corporação beneficente com sede em Atlanta. Geórgia, USA. Com mais de 30 anos de trabalho como jornalista, é co-autor e editor de nove livros. Tradução de Mércia Padovani. Revisão e adaptação de Juan Nieto.
Questões Para Reflexão ou Discussão1. Como você reage ao ouvir “maior é melhor”?
2. Você pode citar um exemplo de quando ser grande resultou numa empresa melhor, não apenas em lucros maiores? Explique sua resposta.
3. Como o dono de um negócio ou a equipe de líderes de uma corporação poderiam avaliar a forma de crescimento, bem como permanecerem capazes de discernir até que ponto crescer poderia se tornar uma deficiência?
4. Talvez você não seja dono de uma empresa ou um executivo que tenha que lidar com questões de crescimento corporativo. Todos nós, porém, temos que considerar questões de crescimento na medida em que elas nos afetem pessoal ou profissionalmente: Quanto trabalho mais eu deveria ou poderia assumir? Será que devo lutar por aquela promoção, mesmo que exija o sacrifício do tempo e energia que não vou poder dedicar à família e interesses pessoais? Que outras perguntas deveríamos nos fazer ao pesarmos oportunidades – ou tentações – para o crescimento pessoal ou profissional?
Nota: Desejando considerar outras passagens da Bíblia relacionadas ao tema, sugerimos: Provérbios 11:14; 18:15; 20:5; Mateus 6:19-21, 33; 19:19; Gálatas 5:13-14.