Por Rick Boxx
Em setembro escrevi sobre paradoxos nos negócios – como a forma largamente aceita de se conduzir nos negócios geralmente é contrária à visão bíblica das mesmas práticas. Aqui estão dois outros pontos que deveríamos considerar - ambos envolvendo a administração do dinheiro.
Gerenciamento financeiro – Quando trabalhava com empréstimos comerciais, um jovem veio a mim cheio de entusiasmo dizer que a Steinway Piano, uma grande companhia com um histórico largamente conhecido, estava à venda e ele desejava que o nosso banco lhe emprestasse o dinheiro para comprar a empresa.
Admirei a ambição daquele indivíduo, mas fiquei perplexo quando perguntei que quantia ele precisava tomar de empréstimo. Sem hesitação, ele respondeu: “Provavelmente iriam ser necessários uns US$ 200 milhões e eu precisaria tomar emprestado esse total. Tenho apenas 25 anos de idade e não tenho nenhum dinheiro.” Aparentemente, ele esperava que eu fosse até a “árvore do dinheiro” do banco e lhe desse a quantia que ele queria sem fazer perguntas, sem pedir garantias.
Como você já deve ter concluído, não emprestamos o dinheiro àquele jovem que sonhava tão alto, mas essa experiência permaneceu para mim como um lembrete da forma descuidada com que as pessoas consideram o uso do débito em negócios. Ela ilustra um paradoxo que encontramos no mundo empresarial no que se refere ao uso do dinheiro. O mundo geralmente aconselha que se use todo o dinheiro que se puder tomar emprestado, seja para financiar uma empresa, comprar uma casa e até mesmo cursar uma faculdade, mas Deus nos diz que devemos confiar nEle e não no banco.
Provérbios 3:5 ensina: “Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento.” Somos tentados a imaginar se Deus realmente visa o nosso interesse em primeiro lugar, especialmente quando surge uma oportunidade aparentemente boa e pensamos que é preciso agirmos rapidamente para aproveitá-la. Entretanto, a Bíblia nos ensina que somos mordomos ou administradores – e não donos - dos recursos financeiros que Deus nos confiou.
Vemos isso expresso em I Crônicas 29:11: “Teus, ó Senhor, são a grandeza, o poder, a glória, a majestade e o esplendor, pois tudo o que há nos céus e na terra é Teu. Teu, ó Senhor, é o reino; Tu estás acima de tudo.” Deus confia muito aos nossos cuidados, mas espera que nós saibamos fazer uso de tudo com sabedoria, buscando a sua orientação, ao invés de agirmos por impulso.
Generosidade. Esta é outra área onde vemos um grande paradoxo entre a prática comum e a visão bíblica. Quando estava no banco, uma das minhas maiores contas pertencia a uma empresa voltada para a área da construção e dirigida pelo Sean. Ele espremia seus vendedores ao máximo, raramente proporcionando algo em troca.
A empresa de Sean era próspera porque ele era duro com o seu pessoal e pressionava seus fornecedores para minimizar o lado das despesas de seu orçamento. Porém, poucas pessoas gostavam de fazer negócios com ele. Ele operava de acordo com uma filosofia que é comum no mundo empresarial: devemos sempre acumular riquezas. Deus, entretanto, nos diz para sermos generosos, dispostos a dar livremente segundo Sua direção.
Foi então que Sean passou por uma conversão espiritual radical. Ele passou de “tomador” a “doador” – um doador extremamente generoso. Na verdade, desde então ele já doou milhões de dólares para muitas obras meritórias. Homem transformado, ele faz o que o apóstolo Paulo diz em I Timóteo 6:18, onde ele alerta: “Ordene-lhes que pratiquem o bem, sejam ricos em boas obras, generosos e prontos a repartir.”
Próxima semana tem mais!
Rick Boxx é presidente e fundador da "Integrity Resource Center", escritor internacionalmente reconhecido, conferencista, consultor empresarial, CPA, ex-executivo bancário e empresário. Adaptado, sob permissão, de "Momentos de Integridade com Rick Boxx", um comentário semanal acerca de integridade no mundo dos negócios, a partir da perspectiva cristã. Tradução de Mércia Padovani. Revisão de Juan Nieto .
Perguntas para Reflexão ou Discussão1. Em sua perspectiva, como princípios largamente aceitos sobre como lidar com dinheiro, seja nos negócios, seja na vida pessoal, diferem dos ensinamentos da Bíblia?
2. Fale de sua experiência quanto ao uso de empréstimos, seja para estabelecer ou expandir uma empresa ou atingir metas pessoais.
3. Quando o empréstimo aparenta ser um meio rápido e fácil de financiar um projeto, é difícil para você parar e lembrar-se de “Confiar no Senhor de todo o seu coração e não se apoiar em seu próprio entendimento”? – especialmente quando fazer isso pode não estar de acordo com o que você quer ou não ser rápido o bastante?
4. Qual o papel a doação para obras meritórias deve ocupar na forma como conduzimos nossas empresas, mesmo quando isso afeta o orçamento delas? O lucro deve ser sempre a prioridade? Explique sua resposta.
Nota: Desejando considerar outras passagens da Bíblia relacionadas ao tema, sugerimos: Salmos 37:3-7; Provérbios 15:16; 22:7, 26-27; Mateus 6:19-21, 33-34; II Coríntios 9:6-11.