Por Rudolfo Dainis Smits
A palavra “margem” tem muitos significados e aplicações, mesmo no mercado de trabalho. O dicionário, por exemplo, diz que ela pode significar o limite mínimo ou máximo além do qual algo se torna impossível ou não desejável. Ela pode significar a diferença entre lucro e prejuízo. Se o saldo de sua conta – valor das apólices menos o que você deve de corretagem – cair abaixo da margem de manutenção, o corretor pode fazer um pedido de cobertura. Isso força o investidor a liquidar sua posição no fundo ou a colocar mais dinheiro na conta.
Os problemas acontecem quando por falta de margem não podemos cobrir as perdas ou excedemos limites específicos, quando não temos dinheiro disponível ou reservas para satisfazerem as demandas. Sem um amortecedor (margem), os resultados podem ser estressantes, dolorosos e até mesmo catastróficos. Existe, porém, um tipo diferente de “margem” que se aplica a cada um de nós não importa o quanto nós tenhamos de recursos financeiros. Em seu livro, Margin (Margem), o médico Richard A. Swenson, escreve: “Margem é o espaço entre o nosso fardo e os nossos limites. É a quantia permitida além daquilo que é necessário. É algo mantido como reserva para as contingências ou situações imprevistas. Margem é o espaço que separa o descanso da exaustão, é a diferença entre respirar livremente e sufocar.”
Muitas coisas competem pelos nossos recursos nos dias de hoje, fazendo com que muitos de nós vivam fora de uma margem razoável em termos de tempo e recursos pessoais. Agendas cheias, famílias, empresas, ministérios, metas exigentes, a velocidade do progresso, tecnologia, e o nosso desejo por sucesso também têm nos exaurido emocional, física e financeiramente. Correndo atrás de coisas materiais, temos sacrificado nossas necessidades cognitivas (mentais e emocionais). Isso tem nos deixado carentes de tempo pessoal descompromissado necessário para nosso bem-estar.
Swenson escreve: “O mal de viver sem margem é insidioso, geral e virulento.” Ele explica que a maioria de nós nem sabe o que é margem. Não compreendemos o que é viver sem margem, mas certamente sentimos a dor. O fisiatra oferece sua descrição: “Ficar sem margem é chegar trinta minutos atrasado no consultório médico porque você demorou vinte minutos para sair do banco porque você estava dez minutos atrasado para deixar as crianças na escola porque o carro ficou sem gasolina duas quadras antes do posto de combustível e você esqueceu sua carteira.” Você pode se identificar com isso?
A margem vem sendo sabotada pelo progresso e as exigências por sucesso. Ouvimos falar sobre uma Terra verde sustentável. Mas o que dizer de um estilo de vida “verde” e “sustentável”? A margem precisa de sustentação, o que requer viver contentemente à sombra do progresso e suposto “melhor viver”. A Bíblia nos diz que a verdadeira paz de espírito para com Deus e bem-estar espiritual requer contentamento: “atritos constantes entre aqueles que têm a mente corrompida e que são privados da verdade, os quais pensam que a piedade é fonte de lucro. De fato, a piedade com contentamento é grande fonte de lucro, pois nada trouxemos para este mundo e dele nada podemos levar” (1Timóteo 6:5-7).
Margem não surge simplesmente – precisamos lutar para mantê-la. Meu trabalho na indústria da construção ensinou-me a entrar em licitações por projetos e alocar todos os recursos de trabalho com o suficiente para contingências e obstáculos invisíveis que inevitavelmente surgem. Nosso trabalho, orçamento empresarial ou agenda familiar deveriam também incluir amortecedores e margem de tempo para acomodar despesas e desdobramentos inesperados. As Escrituras nos alertam: “Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o preço, para ver se tem dinheiro suficiente para completá-la?...qual é o rei que, pretendendo sair à guerra contra outro rei, primeiro não se assenta e pensa se com dez mil homens é capaz de enfrentar aquele que vem contra ele com vinte mil? (Lucas 14:28, 31).
Próxima semana tem mais!
Rudolf Dainis Smits, bacharel em arquitetura pela universidade MATS, ex-empresário, atualmente é gerente técnico e de design da Hill International, Project and Construction Risk Management. Membro fundador e diretor do CBMC Letônia, membro fundador do Seminário Teológico Reformed Baltic e ex-diretor da Europartners. Tradução de Mércia Padovani. Revisão de Juan Nieto.
Para Reflexão ou Discussão1. “Margem tem sido roubada, e o ladrão é o progresso. Se quisermos tê-la de volta primeiro teremos que fazer alguma coisa a respeito do progresso” (Richard Swenson, médico). Você concorda com o autor que a confiança do século XXI no progresso, materialismo e exigências de sucesso têm roubado a margem em nossas vidas?
2. Em que área de sua vida você acredita que a margem tem sido roubada? Como e quando você identifica isso e como afeta sua qualidade de vida?
3. Como você poderia mudar para reconquistar alguma margem em sua vida? Considere a significância espiritual e a sabedoria sobre a manutenção de uma reserva que encontramos na parábola de Jesus sobre as virgens aconselhadas a manter suas lâmpadas em ordem (Mateus 25:1-13). Aplicando isso às suas próprias circunstâncias o que significa “manter sua lâmpada em ordem”?
4. C.S.Lewis escreveu: “Em Deus não há fome que precise ser satisfeita, apenas fartura que deseja dar.” O quanto o contentamento é essencial para a manutenção da sua margem? Leia Hebreus 13:5 e considere aplicar seus princípios em sua vida ou trabalho.
Desejando considerar outras passagens da Bíblia relacionadas ao tema, sugerimos: Êxodo 34:21; Deuteronômio 5:21; Mateus 11:29; Hebreus 4:11; Filipenses 4:11; I Timóteo 6:8.
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