Por Sergio Fortes
Por um momento, imagine um alto executivo convocando para uma reunião especial, e depois trazendo uma bacia e toalhas, passando a lavar os pés dos membros do seu quadro funcional. Uma cena assim no mundo corporativo seria considerada, no mínimo, muito estranha, quando não inacreditável. Apesar disso, quando lemos relatos da vida de Jesus Cristo na Bíblia, isso é exatamente o que Ele fez. E era tão surpreendente naquela época quando seria hoje.
Jesus havia liderado Seu grupo de 12 discípulos por três anos. Eles não sabiam disso no momento, mas Seu trabalho na terra estava chegando ao fim. Ele determinou dar a eles uma lição muito clara, surpreendente e prática. Tomando uma bacia, toalhas e água, Jesus começou a lavar os pés de Seus seguidores, como descrito em João 13:4-17. Lavar os pés de alguém era comum naqueles dias, já que estradas pelas quais as pessoas passavam eram poeirentas ou lamacentas, porém a tarefa era sempre realizada por servos humildes, não pelo líder de uma iniciativa.
Você pode imaginar essa cena? Um silêncio incômodo enchendo o lugar, e olhares assustados e incrédulos sendo trocados entre os discípulos de Jesus. Finalmente, um deles, Pedro, conhecido por ser pouco paciente, colocou seu espanto em palavras de humilde desafio: “...Não; nunca lavarás os meus pés!...” (João 13:8) ao que Jesus respondeu: “...Se Eu não os lavar, você não terá parte comigo.” O propósito de Jesus era proporcionar um exemplo indelével de como líderes verdadeiros deveriam servir àqueles que lideram.
No mundo de negócios de hoje, frequentemente observamos uma mudança assustadora quando as pessoas sobem a escada corporativa. Indivíduos que outrora eram de boa índole, atenciosos e flexíveis, passam por uma transformação radical quando sobem na hierarquia. Tornam-se arrogantes, rudes e inacessíveis, esquecendo-se dos colaboradores que deixaram para trás. Eles passam a ver apenas o que eles querem e quem eles querem.
Em que ponto da subida essa “metamorfose” ocorreu? Aqueles que escalam montanhas geralmente são afligidos pelo “mal das alturas”, cujos efeitos são devastadores. No ar rarefeito, o oxigênio limitado pode criar sérios problemas mentais, às vezes, irreversíveis. É possível que haja um correlativo na escalada corporativa?
As causas para essas mudanças radicais demonstradas por executivos em ascensão podem ser atribuídas a uma das três fraquezas mais comuns a afligir os líderes: PODER. As outras fraquezas sobre as quais muitas autoridades já escreveram a respeito são dinheiro e sexo, mas essas seriam assuntos para outro momento. Por agora, vamos falar sobre PODER, descrevendo-o como a habilidade de exercer autoridade deliberadamente e, às vezes, arbitrariamente.
Líderes intoxicados pelo prestígio e pelo poder à sua disposição adotam a postura de “Ordem e Obediência”. Eles não oferecem nenhuma oportunidade para discussão, debates ou contestação. Na pior das hipóteses, esses líderes sucumbem à tentação que remonta ao jardim do Éden, como descrito no primeiro capítulo de Gênesis, o primeiro livro da Bíblia. “...e vocês, [serão] como Deus...”, disse o Tentador a Adão e Eva. (Gênesis 3:5).
Governantes, políticos, burocratas, presidentes, CEOs, gerentes – todos podem ser seduzidos por essa perpétua atração do poder. Eis porque uma das últimas ações de Jesus de Nazaré antes de ser traído e crucificado foi lavar os pés daqueles que Ele liderou, até mesmo incluindo Judas, aquele que iria traí-Lo em seguida.
Você pode imaginar uma cena como esta – ou um ato equivalente – acontecendo onde você trabalha? Se você ocupa uma posição de liderança, honesta e sinceramente, seria capaz de fazer isto? Provérbios 22:4 nos dá uma perspectiva que vale a pena considerar: “A recompensa da humildade e do temor do Senhor são a riqueza, a honra e a vida.” Humildade sincera e disposição de servir aqueles que lideramos – o poder para inspirar uma equipe a atingir a excelência!
Próxima semana tem mais!
Sérgio Fortes é mentor e consultor em logística e negócios estratégicos corporativos. Como membro do CBMC na cidade de São Paulo, Brasil, coordenou a revisão e tradução do "Monday Manna” e a tradução em português por mais de 20 anos. Ele permanece comprometido com o Senhor Jesus em Sua missão de fazer discípulos. Tradução de Mércia Padovani. Revisão de Juan Nieto.
MANÁ DA SEGUNDA® é uma reflexão semanal do CBMC - Conectando Business e Mercado a Cristo, organização mundial, sem fins lucrativos e vínculo religioso, fundada em 1930, com o propósito de compartilhar o Evangelho de Jesus Cristo com a comunidade profissional e empresarial. © 2023 - DIREITOS RESERVADOS PARA CBMC BRASIL
Questões Para Reflexão ou Discussão
1. Você conhece a história de Jesus lavando os pés dos Seus discípulos? Sabendo que esse costume era normalmente desempenhado por servos humildes, como você imagina que os discípulos reagiram?
2. Você já testemunhou um líder no ambiente de trabalho fazendo algo semelhante – não uma lavagem de pés real, mas alguma demonstração de que ele ou ela estavam servindo de maneira altruísta? Descreva a situação e a reação resultante.
3. O autor descreve como algumas pessoas, quando sobem a escada corporativa ou hierarquia organizacional, adotam uma atitude totalmente diferente em relação às pessoas com quem trabalhavam anteriormente. Você já tinha observado isso? Você acha que é justificável? Por quê?
4. Em sua opinião, qual o efeito causado por um líder que demonstra genuína humildade e preocupação por aqueles que é responsável? O que parece ser mais eficiente – uma abordagem “ordem e obediência”, ou uma atitude humilde de servir aos outros? Explique sua resposta.
Nota: Desejando considerar outras passagens da Bíblia relacionada ao tema, sugerimos: Provérbios 11:2; 15:33; 16:18; 21:24; 28:2; Marcos 10:42-45; Filipenses 2:3-4.
Desafio
Cultivar um genuíno espírito de humildade e desenvolver uma atitude do tipo “os outros em primeiro lugar” pode ser difícil. Se isso é algo que você deseja fazer, contar com o apoio de outras pessoas pode ser bastante benéfico. Com quem você poderia se juntar nessa empreitada, uma ou mais pessoas que você conheça bem e nas quais confie a quem possa pedir para encorajá-lo – e em troca, serem encorajadas por você? De que forma você poderia começar a partir de hoje?