Maná da Segunda

Maná da Segunda -> O Paradoxo do Progresso



Por Mark Earley

Tracy Ballard aumentou o volume do seu novo fone de ouvido sem fio, enquanto se aquecia sob os raios de Sol que atravessavam a clarabóia do banheiro, ao mesmo tempo que admirava o arco-íris formado pela luz no piso cerâmico sob seus pés. Somente o ruído de água provocado pela "excursão" matinal de seu marido ao banheiro interrompia o prazer de desfrutar de um local que mais parecia um balneário.



Quando Tracy e John decidiram que o banheiro estava precisando de uma ligeira reforma, não se contentaram apenas em substituir os lavatórios. Eles equiparam seu “cantinho de férias” revestido de cerâmica, com ducha sofisticada, dotada de saídas de água e vapor e auto-falantes portáteis para os equipamentos musicais sem fio.



Os Ballards são um entre muitos casais modernos que equipam seus banheiros com todo o tipo de conforto, incluindo tevês de tela plana com som ambiente! Um jornal conceituado previu que em 2006 os americanos gastarão 22 bilhões de dólares somente em banheiros luxuosos – 10 vezes mais que o orçamento do Governo para pesquisas sobre AIDS!



Essa tendência para trazer de volta os decadentes toucadores reflete um fenômeno que Gregg Easterbrook descreve como “o paradoxo do progresso”. Ele afirma que os americanos são mais ricos, saudáveis e se sentem mais seguros do que há 50 anos, mas – e aí está o problema! – o número de pessoas que diz estar “muito infeliz” aumentou 20% desde 1950. Além disso, as taxas de depressão estão 10 vezes mais elevadas do que há 50 anos.



O que há de errado com esta geração? Por que as pessoas se sentem tão infelizes apesar de terem tanto? É claro que banheiros de milhares de dólares não oferecem resposta para isso.



J. P. Moreland afirma em seu livro, “The Lost Virtue of Happiness”, (A Virtude Perdida da Felicidade), que "nos sentimos miseráveis porque temos um conceito distorcido de felicidade. Descrevemos felicidade como um sentimento de prazer alcançado pela satisfação de desejos físicos e emocionais. A conclusão implícita nesta definição é que nossas vidas nos pertencem e a nós nos cabe maximizar o conforto e minimizar o sofrimento. A vida real não acontece naturalmente”, explica Moreland. “Não é intuitiva, mas algo que temos que aprender. Por esta razão, o caminho para uma vida autêntica, não consiste no que obtemos, mas no que damos”.



Os antigos filósofos gregos, do mesmo modo que os colonizadores do passado, entenderam isso, mas as pessoas no mundo moderno parecem ter esquecido. Esqueceram que felicidade reside em viver o paradoxo que Jesus Cristo apresenta em Mateus 16.25: “Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por Minha causa, a encontrará” .



O sentimento de felicidade pode resultar de uma vida bem vivida, mas jamais deve ser este o objetivo. A verdadeira felicidade existe em abundância quando entendemos que nossa vida não nos pertence e praticamos as disciplinas espirituais que nos conduzem para perto de Jesus Cristo – Fonte da verdadeira felicidade. Talvez, então, não necessitemos de lavatórios banhados a ouro.



A noção clássica de felicidade (eudaimonia no grego) é a de “uma vida bem vivida, de virtude e caráter, que manifesta sabedoria, gentileza e bondade”. Não uma vida gasta com auto-gratificações.



Próxima semana tem mais!


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Texto de autoria de Mark Earley, Presidente e CEO do Prison Fellowship, desde 2002, organização não governamental com sede em U.S.A., fundada por Charles Colson em 1976, com presença hoje em 108 países. Earley é também presidente da Operation Starting Line, organização interdenominacional com várias frentes de trabalho com prisioneiros. Publicado com a devida permissão. Tradução de Mércia Padovani. Revisão e adaptação de J. Sergio Fortes.


MANÁ DA SEGUNDA® é uma edição semanal do CBMC INTERNATIONAL, uma organização de âmbito mundial, não-denominacional, fundada em 1930, com o propósito de compartilhar Jesus Cristo com a comunidade profissional e empresarial.
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