Por Rick Boxx
Um dos maiores inconvenientes que enfrentei ao trabalhar para grandes organizações era a constante reorganização. Todos os anos, geralmente por volta de setembro, o processo de planejamento financeiro tinha inicio e com ele surgiam os rumores de possíveis baixas, à medida que cortes no orçamento passavam a ser considerados.
Esse processo se estenderia durante meses, antes que uma redução de pessoal ocorresse realmente. Contudo, devido às incertezas do que os esperava no futuro, para os empregados, a maior parte desse tempo de espera era carregado de ansiedade. Isso era paralisante. Será que manteriam seus empregos ou se veriam, de repente, na fila dos desempregados, buscando desesperadamente por uma nova colocação?
Geralmente, o processo de reorganização envolvia várias reuniões a portas fechadas, das quais todos tinham conhecimento, mas não faziam a menor ideia do que se passava por trás das tais portas. Frequentemente, as únicas coisas que transpiravam daqueles encontros secretos eram enganos e mentiras. A lucratividade da companhia parecia ser mais importante do que tudo. O objetivo da administração aparentemente era manter os empregados trabalhando, mais do que demonstrar-lhes o respeito e dignidade merecidos. Devido às mentiras e enganos que víamos, a maior parte dos empregados interpretava isso como falta de consideração por eles, suas necessidades e preocupações.
Embora pudéssemos compreender porque os executivos da corporação não podiam revelar – e menos ainda discutir – cada passo no processo de reorganização, sua falta de disposição em demonstrar qualquer compaixão pela situação difícil era inaceitável. Não era de admirar que a moral dos empregados caísse drasticamente e sua lealdade para com a companhia ficasse reduzida virtualmente a zero. Assim como os líderes corporativos se preocupavam em primeiro lugar com eles mesmos e com a empresa, os trabalhadores também sentiam a necessidade de proteger seus próprios interesses.
Em situações como essa, pude observar a viabilidade de princípios bíblicos que poderiam ter sido aplicados:
Reconhecer as consequências do engano. Embora a mentira e a desonestidade não constituam um fenômeno novo no mercado de trabalho, invariavelmente o resultado que produzem é péssimo, até mesmo desastroso. Quando líderes estiverem considerando uma reorganização, antes devem pensar cuidadosamente numa forma de respeitar a dignidade de sua equipe. A mentira não ajuda – ela fere. Como Provérbios 26:28 ensina, “A língua mentirosa odeia aqueles a quem fere, e a boca lisonjeira provoca a ruína.”
Demonstrar compaixão por todos os envolvidos. Existe a tentação de fazer dos lucros e interesses dos investidores a coisa mais importante, mas os melhores líderes – aqueles que inspiram segurança e confiança – levam em conta os interesses de todos, especialmente dos empregados que realizam o trabalho que capacita o funcionamento da empresa. “Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.” (Filipenses 2:3-4).
Ver o papel do líder como o daquele que serve, e não do que comanda. É fácil chegar à conclusão: “Estou no comando. Tudo o que decido é certo.” Executivos sensatos praticam a liderança que se propõe a servir, comunicando preocupação para com todos os afetados por grandes mudanças. Jesus personificou este princípio: “Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate de muitos.” (Marcos 10:45).
Próxima semana tem mais!
Rick Boxx é presidente e fundador da "Integrity Resource Center", escritor internacionalmente reconhecido, conferencista, consultor empresarial, CPA, ex-executivo bancário e empresário. Adaptado, sob permissão, de "Momentos de Integridade com Rick Boxx", um comentário semanal acerca de integridade no mundo dos negócios, a partir da perspectiva cristã. Tradução de Mércia Padovani. Revisão de Juan Nieto .
Perguntas para Reflexão ou Discussão1. Você já passou pela reorganização ou reestruturação de uma empresa? Com foi a experiência para você?
2. Se a experiência foi negativa, em sua opinião o que deveria ter sido feito de forma diferente de modo a tornar as circunstâncias melhores para todos os envolvidos, mesmo que grandes mudanças fossem inevitáveis?
3. Você pensa que o engano e a mentira são justificáveis quando são implementadas grandes mudanças numa organização? Explique sua resposta.
4. Como você acha que os líderes podem demonstrar compaixão àqueles que trabalham sob sua direção, mesmo quando necessárias decisões venham afetá-los de modo adverso?
Nota: Desejando considerar outras passagens da Bíblia relacionadas ao tema, sugerimos: Provérbios 11:3; 28:2; 29:4; Mateus 7:12; 20:28; Marcos 12:33; Colossenses 3:17, 23.