Por Robert J. Tamasy
No mundo empresarial e profissional, bem como em outras áreas da vida, o tempo tem um quê de paradoxo. Quando enfrentamos um prazo final inflexível, o tempo parece se mover com incrível rapidez, fazendo subir nosso nível de estresse. Porém, quando estamos esperando ansiosamente por uma importante decisão, talvez uma promoção ou a resposta de um cliente potencial sobre a assinatura ou não de um contrato, o compasso do tempo parece diminuir significativamente.
Durante recente viagem à Itália, observei o que ocorre em grande parte da Europa. Os negócios, inclusive o varejo e restaurantes, geralmente fecham logo depois do horário do almoço, permitindo que as pessoas descansem e se revigorem. É comum que pessoas tirem diversas semanas, até mesmo um mês, de férias durante os meses de verão.
Americanos, em contrapartida, parecem escravizados pelo tempo. Relutam em tirar férias, com medo que um concorrente conquiste alguma vantagem ou, talvez, seu líder encontre outro para ocupar sua posição enquanto estiver fora. Trabalhadores engolem o almoço na mesa de trabalho, temendo atrasar as demandas de seu emprego.
Semanas atrás passei por nova cirurgia, que me apresentou perspectiva diferente a respeito do tempo. Feita para substituir uma válvula da aorta, foi realizada por um procedimento menos invasivo que a cirurgia de tórax aberto há 12 anos. Assim, a recuperação foi muito mais fácil e rápida, mas a seriedade da operação ajudou a colocar as coisas em perspectiva.
Do ponto de vista do trabalho, a atividade que desempenho, embora acredite que seja importante, poderia facilmente ser feita por outra pessoa, caso eu não estivesse mais apto a desenvolvê-la. Algumas das coisas que faço eu simplesmente poderia não fazer mais e pronto. Mas do ponto de vista dos relacionamentos que mantenho, com minha esposa, filhos, netos, amigos e com aqueles com quem me encontro para mentoreado, é onde minha ausência seria mais sentida.
A questão é: daqui para a frente, onde meu tempo será melhor investido? Não querendo dizer que eu deveria deixar de fazer o trabalho que aprecio e sinto que fui vocacionado para fazer, mas não às custas do tempo que eu deveria estar passando com as pessoas importantes da minha vida.
A Bíblia nos adverte a “remir o tempo, porquanto os dias são maus” (Efésios 5:16). Isso não quer dizer que o tempo seja inerentemente mau, mas a passagem do tempo continua inexorável, quer tentemos usá-lo com inteligência ou não. Recordo das aulas sobre gerenciamento do tempo a que assisti anos atrás. Na verdade, “gerenciamento do tempo” é uma designação errônea, já que não podemos gerenciá-lo. Não podemos colocá-lo em um cofre ou unidade de armazenamento para uso futuro. Não se trata de mercadoria que podemos preservar; só o que podemos é decidir utilizá-lo o mais eficiente e significativamente possível.
Outra passagem bíblica sobre o tempo, Eclesiastes 3:1-18, apresenta a seguinte perspectiva: “Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu.” Para mim, isso significa que há tempo para focar minha atenção e energia para atender prazos fatais críticos, mas que também há tempo para estar com minha família, praticar passatempos preferidos, ou simplesmente procurar me restaurar física, mental e espiritualmente. Como alguém disse, é pouco provável que em seu leito de morte alguém tenha expressado seu arrependimento: “Eu gostaria de ter passado mais tempo no trabalho.”
Próxima semana tem mais!
Robert J. Tamasy, é jornalista, editor e escritor, e autor de "Business at Its Best: Timeless Wisdom from Proverbs for Today's Workplace" e "Tufting Legacies" (ainda não traduzidos para o português). Em co-autoria com David A. Stoddard escreveu "The heart of Mentoring" e tem editado numerosos outros livros, incluindo "Advancing Through Adversity", por Mike Landry. Tamasy mantém um site www.bobtamasy-readywriterink.com e um blog atualizados semanalmente www.bobtamasy.blogspot.com. Tradução de Mércia Padovani. Revisão de Juan Nieto.
Questões Para Reflexão ou Discussão1. Você acha que o tempo passa velozmente algumas vezes, e outras parece se arrastar? Por que isso acontece?
2. Você já tinha pensado na ironia de se estudar “gerenciamento do tempo”, quando ele não pode ser administrado ou controlado?
3. Onde você falha em termos de filosofia do tempo? Você aproveita e folga no trabalho quando tem oportunidade, descansando e se revigorando? Ou você encara o tempo como um inimigo, determinado a realizar o máximo de trabalho e atividade em cada minuto que passa acordado? Em qualquer dos casos, o que o motiva?
4. Como – se é que poderia – você faria para “remir o tempo” mais eficazmente?
Desejando considerar outras passagens da Bíblia relacionadas ao tema, sugerimos: Provérbios 23:4-5; Eclesiastes 3:1-18; Gálatas 6:10; Colossenses 4:5-6.
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