Por Dr. Stephen Graves
Poucos meses atrás aconteceram dois funerais numa mesma semana em nossa comunidade. Ambos eram de homens que eu conheci e que tiveram uma vida longa e de grande alcance na comunidade. Presumi que as cerimônias deveriam ser muito similares. Eu não poderia estar mais enganado.
O primeiro funeral foi uma impressionante celebração à vida, como eu não via há muito tempo. Todos os filhos e netos daquele homem estavam presentes. Percebi que todos os seus filhos, a seu próprio modo, haviam se tornado indivíduos de grande impacto e caráter. Eles tinham um bom relacionamento (não perfeito) uns com os outros e com suas comunidades. Muitos dos netos do falecido falaram sobre o que tinham aprendido com seu avô e as memórias que tinham dele. “Eu me lembro de quando o vovô...” foi a frase dita incontáveis vezes. Ele claramente havia impactado várias gerações ao longo de sua vida.
Mas não era apenas a família; vários executivos representando a companhia de um de seus filhos voaram do outro lado do país para assistir ao funeral. O recinto estava tomado por centenas de amigos e parentes que permaneceram de pé. Era impressionante ver quantas pessoas sua vida tinha claramente tocado.
O jogador de basebol e humorista Yogi Berra brincou: “Você deve sempre ir ao funeral das outras pessoas ou não virão ao seu.” Mas não foi apenas por isso que fiquei feliz por ter comparecido, mas também porque aquele é o tipo de serviço fúnebre que o leva a pensar: “Gostaria que o meu funeral fosse assim.” É claro, aquele funeral era assim porque a sua vida fora assim.
Mais tarde naquela mesma semana compareci a outro funeral. Neste, menos de 10 pessoas estavam presentes. Foi preciso contratar um pastor, já que não havia nenhum que fosse próximo o bastante daquele homem para oferecer seus serviços.
Não parecia que aquele homem havia passado os últimos 30 anos fora das grades. Ele tivera uma vida bastante cheia, mas que o levara a um funeral vazio. Por quê? Porque sua vida estava cheia de coisas erradas; fora uma vida egocêntrica, preenchida em sua maior parte por bugigangas e coisas materiais, e não por relacionamentos saudáveis e influências positivas.
Eu achava que os funerais seriam iguais, mas eles eram completamente diferentes.
David Brooks, comentarista e colunista do New York Times, descreveu isso de modo mais sucinto afirmando que nossa cultura honra as “virtudes de currículo” quando deveríamos buscar as “virtudes do elogio fúnebre” para nossa vida. Talvez ele próprio tenha comparecido a um funeral antes de escrever isso.
Os enterros têm a capacidade de nos fazer diminuir o ritmo e ponderar sobre a brevidade da vida e nossas prioridades para ela. Eles nos levam a pensar no que é eterno e no Divino. Eles fazem com que deixemos a rotina e os rumores da vida para contemplar se ela está seguindo o rumo que queremos. Eles nos levam a celebrar as pessoas acima das coisas e atividades, e nos fazem olhar para trás, o que geralmente nos ajuda a olhar para frente.
Talvez por isso o livro de Eclesiastes diz: “É melhor ir a uma casa onde há luto do que a uma casa em festa, pois a morte é o destino de todos; os vivos devem levar isso a sério! (Eclesiastes 7:2).
Eu certamente entendo que a morte tem um lado triste e mesmo chocante, mas se você tiver a chance de observar uma celebração à vida sendo feita, não deixe de aproveitá-la.
Próxima semana tem mais!
Dr. Stephen R. Graves descreve-se como um estrategista organizacional, teólogo pragmático e capitalista social. Ele aconselha executivos e empresários, bem como jovens empreendedores. Ele é autor de inúmeros livros e muitos artigos e um orador público. Seu site é www.stephenrgraves.com. Tradução de Mércia Padovani. Revisão e adaptação de Juan Nieto
MANÁ DA SEGUNDA® é uma reflexão semanal do CBMC - Conectando Business e Mercado a Cristo, organização mundial, sem fins lucrativos e vínculo religioso, fundada em 1930, com o propósito de compartilhar o Evangelho de Jesus Cristo com a comunidade profissional e empresarial. © 2018 - DIREITOS RESERVADOS PARA CBMC BRASIL
Questões Para Reflexão ou Discussão1. Quando foi a última vez que você compareceu a um funeral? Qual a sua impressão do que ocorreu durante a cerimônia?
2. O autor descreve duas cerimônias ocorridas na mesma comunidade, mas com impacto bem diferente. Como você explicaria essas diferenças?
3. Você já pensou em como seria o seu próprio enterro? Seria do modo que você gostaria? Se não, como você poderia mudar isso, tendo em vista o presente texto?
4. Qual a diferença entre “virtudes de currículo” e “virtudes do elogio fúnebre”? Elas ocorrem naturalmente ou são estabelecidas intencionalmente?
Desejando considerar outras passagens da Bíblia relacionadas ao tema, sugerimos: Salmos 90:12; Eclesiastes 2:16, 24; 5:10-15; 7:1-4; Romanos 6:19-23.