Por Robert J. Tamasy
Recentemente li na mídia social os comentários de Tim Kight, um consultor e instrutor de negócios. Não o conheci pessoalmente, mas apreciei seu modo de pensar prático e direto. O que ele postou falava do poder da “abrasão criativa”. Em outras palavras, o valor da não concordância.
Kight acrescentou: “Quando nós temos perspectivas diferentes e nos engajamos na abrasão criativa para testar e refinar nossas ideias produzimos soluções melhores.” Suas observações são tanto antigas quanto novas. Especialmente nos nossos dias, quando parece que nos extraviamos ou abandonamos a fina arte do discurso cortês.
Muitas faculdades e universidades, por exemplo, criaram “zonas de segurança”, para onde os estudantes podem se recolher sem medo de ver ou ouvir pontos de vista que diferem dos seus. Isso é aprendizagem? Não ter suas ideias desafiadas? Com os protestos e tumultos acontecendo em diferentes partes do mundo, ficou claro que todo mundo está falando – até mesmo gritando – mas que ninguém está ouvindo.
Mesmo em relação à pandemia do coronavírus, surgiu uma variedade de opiniões e perspectivas. Ao invés de aplaudir a livre troca de ideias, porém, a mídia e os políticos a desencorajaram vigorosamente. Isso, aparentemente, em prejuízo de todos. A “abrasão criativa” é um conceito encarado como alienígena, algo para ser temido e não adotado.
Este tipo de fricção, contudo, é algo que eu valorizo, mesmo quando não estava familiarizado com a terminologia de Kight. Especialmente durante os meus anos como editor de jornais e de uma revista, nos encontros de equipe editorial para planejamento de futuras edições, todos nós tínhamos ideias diferentes. Nós permitíamos que elas fossem apresentadas, e então, as discutíamos e, frequentemente, as debatíamos. Nesse processo, invariavelmente descobríamos que o todo (o produto final) era maior que a soma das partes (ou contribuições individuais).
É triste saber que a abrasão criativa não é apoiada em muitos ambientes, porque esta não é, de modo algum, uma ideia nova. Na verdade, a Bíblia a defende vigorosamente. Considere as seguintes passagens:
A fricção é mutuamente benéfica. Imagine as lâminas de duas facas sendo friccionadas, uma afiando a outra. O mesmo ocorre com pessoas, seja no ambiente de trabalho, no casamento, no ministério ou equipe esportiva. Promovendo o atrito de um contra o outro, mesmo que provoque conflito agradável e cortês, podemos tornar um ao outro melhor. “Assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro.” (Provérbios 27:17).
O valor de pontos de vista diferentes. Em casos judiciais, geralmente são solicitados testemunhos diferentes para que o juiz ou o júri possam receber um relato completo e exato. De modo similar, nós podemos estar convictos de nossa opinião ou ponto de vista, mas se estivermos dispostos a ouvir outras perspectivas, podemos descobrir que estávamos errados ou que a melhor solução é uma combinação de várias ideias. “O que você viu com os olhos não leve precipitadamente ao tribunal, pois o que você fará se o seu próximo o desacreditar?” (Provérbios 25:8).
A correção é um grande auxílio. O orgulho pode ser um grande obstáculo na busca pelo sucesso, especialmente quando nos sentimos seguros de que temos razão, quaisquer que sejam nossos pensamentos ou ações. A “abrasão criativa” pode provocar algum sofrimento, mas ao final geralmente ficamos melhores por causa dela. “Como brinco de ouro e enfeite de ouro fino é a repreensão dada com sabedoria a quem se dispõe a ouvir.” (Provérbios 25:12).
Próxima semana tem mais!
Robert J. Tamasy, é jornalista, editor e escritor, e autor de "Business at Its Best: Timeless Wisdom from Proverbs for Today's Workplace" e "Tufting Legacies" (ainda não traduzidos para o português). Em co-autoria com David A. Stoddard escreveu "The heart of Mentoring" e tem editado numerosos outros livros, incluindo "Advancing Through Adversity", por Mike Landry. Tamasy mantém um site www.bobtamasy-readywriterink.com e um blog atualizados semanalmente www.bobtamasy.blogspot.com. Tradução de Mércia Padovani. Revisão de Juan Nieto.
MANÁ DA SEGUNDA® é uma reflexão semanal do CBMC - Conectando Business e Mercado a Cristo, organização mundial, sem fins lucrativos e vínculo religioso, fundada em 1930, com o propósito de compartilhar o Evangelho de Jesus Cristo com a comunidade profissional e empresarial. © 2020 - DIREITOS RESERVADOS PARA CBMC BRASIL
Questões Para Reflexão ou Discussão1. Em suas próprias palavras, qual sua compreensão da expressão “abrasão criativa”?
2. Você já viu essa discordância construtiva em ação, usada de modo positivo e produtivo? Explique sua resposta.
3. Por que você acha que essa ideia de permitir e até mesmo encorajar a livre troca de ideias diferentes, inclusive a liberdade de discordar, geralmente não é bem aceita?
4. Dê um exemplo de quando observou a verdade do “ferro afiando o ferro” sendo praticada no ambiente de trabalho.
Nota: Desejando considerar outras passagens da Bíblia relacionadas ao tema, sugerimos: Josué 2:1; Provérbios 10:19-21; 12:14, 18; Marcos 6:7; Filipenses 4:9; II Timóteo 2:2.