Advento - Tempo de esperança!
Estes dias escutei cigarras cantando! Lembrei da minha infância! Minha mãe me ensinou que elas anunciam a chegada do verão e do Natal. Aprendi também que o canto delas nos convida a ter esperança por tempos melhores.
Neste momento parei para pensar: ainda há esperança? As pessoas conseguem olhar para o presente e ter esperança de que as coisas podem mudar para melhor?
No séc. XIV, o poeta italiano Dante Alighieri escreveu na sua grandiosa obra “A Divina Comédia” que na porta do inferno está escrito: “Perdei, ó vós que entrais, toda a esperança”.
Para Dante o inferno é sinônimo de desespero definitivo. Seria o lugar ou até mesmo uma situação onde não há solução. Onde a dor nao tem remédio. Onde o sofrimento não tem fim. Onde não há espaço para a esperança, pois não há nenhuma possibilidade de que as coisas possam ser diferentes. É como se você congelasse uma situação ruim e tivesse de conviver com ela eternamente.
Se é verdade que o adjetivo do inferno é desespero, também é verdade que um dos adjetivos para o céu é esperança. Em que se baseia a nossa esperança cristã? Quais sãos os seus fundamentos?
Creio que ela se fundamenta em 03 alicerces:
A) NAS PROMESSAS DE DEUS
A bíblia está repleta de promessas divinas. Uma delas lembramos nesta época de Advento e Natal: “O Senhor mesmo lhes dará um sinal: a virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamará Emanuel” (Is 7.14); não menos importante é a promessa que Jesus nos deu: “ ...E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mt 28.20b)
B) NA FÉ EM DEUS
A fé e a esperança são companheiras inseparáveis! A fe está convencida de que Deus é verdadeiro; a esperança espera que Ele, a seu tempo, revele a sua verdade. A fé tem certeza que Ele é o nosso Pai; a esperança espera que Ele se mostre como tal a nós. A esperança descansa na fé, pois a fé a alimenta e a sustenta.
C) NA RESSURREIÇÃO DE JESUS CRISTO E NA VIDA ETERNA
A ressurreição é um fato histórico do passado que se revela no presente e no futuro, e por isso declaramos: “ Jesus está vivo!” Pela ressurreição, temos esperança de um novo tempo em que todos os poderes infernais serão destruídos. E esperamos tudo isso e muito mais, porque a fé cristã é total e visceralmente uma fé esperançosa. E o Advento nos lembra dessa realidade presente e futura!
Nossa esperança está ancorada no trono de Deus (Hb 6.19-20), e nela podemos nos agarrar em meio à desolação, a um conflito e no meio de um mar revolto. Mesmo que experimentemos situações cujos desfechos não forem de vitória, se tivermos tempo de lágrimas e alguns de nós ainda carregarem enfermidades crônicas, a esperança em Deus renova as nossas forças e nos capacita olhar para além dos montes e saber que de lá vem o nosso socorro. A igreja convive com o sofrimento, com dores, com choro, com perdas, mas é um lugar de gente esperançosa que se segura em Deus. Nós não estamos no inferno - as coisas podem mudar, a gente continua lutando, a gente se levanta. Victor Frankl disse certa vez: “O ser humano pode viver 40 dias sem comer; 03 dias sem água; 03 minutos sem oxigênio, mas nenhum segundo sem esperança.”
Alegrem-se os céus e exulte a terra: nasceu Jesus, o Salvador. Ele veio visitar o seu povo e trazer esperança para todas as nacões. Nele podemos lançar a âncora da nossa vida e olhar para o futuro com esperança. Ele nos alcançou para que tenhamos vida e vida com abundância. (Jo 10.10)
Um abençoado e esperançoso tempo de Advento! Um feliz e maravilhoso Natal para você e sua família!
P. Marcos Antonio da Silva
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