Auréolas tortas...
Lendo na bíblia a oração do fariseu e do publicano, fico pensando quantas vezes através de nossas atitudes, transmitimos as pessoas ao nosso lado, a mesma fala do fariseu, esquecendo de onde fomos tirados e da graça maravilhosa de Jesus que nos aceitou e aceita sempre de novo quando erramos e caímos. Lucas 18:10.
Almejamos sim, viver segundo a vontade de Deus, e os ideais que perseguimos são louváveis. O problema com nossos ideais é que, se vivermos de acordo com todos eles, nos tornamos pessoas com as quais é impossível se viver.
Quanto mais crescemos no Espírito de Jesus Cristo, mais pobres nos tornamos – e mais percebemos que tudo nesta vida é um presente. A tonalidade fundamental da nossa vida passa a ser ação de graças humilde e jubilosa. A consciência de nossa pobreza e de nossa incapacidade leva-nos a regozijar-nos na dádiva de termos sido chamados das trevas para a maravilhosa luz e transportados ao Reino do Filho amado de Deus.
Houve uma mulher pecadora do vilarejo que beijou os pés de Jesus. Ela não tinha coisa alguma a perder. Ela amou muito porque muito lhe havia sido perdoado.
O assim chamado ladrão na cruz era terrorista que reconhecia receber recompensa justa pelos seus crimes. Ele também não tinha nada do que se orgulhar.
O bom samaritano, escolhido como modelo de compaixão, era desprezado como herege de miscigenada ascendência pagã e judaica. Ele era tão impuro que ao contrário do sacerdote e do levita que passaram de largo com suas auréolas apertadas, podia dar-se ao luxo de expressar o seu amor pelo homem ferido deixado ali para morrer. Também não tinha nada a perder.
Quando um homem ou mulher são verdadeiramente honestos, é impossível insultá-los pessoalmente. Não resta nada ali para insultar. Aqueles de nós que estamos verdadeiramente prontos para o reino somos esse tipo de pessoas. Sua pobreza de espírito interior e sua rigorosa honestidade os libertam. São gente que não tem nada do que se orgulhar.
Somos santos, porque Ele é santo. A auréola torta do pecador salvo é vestida com folga e com graça fluente.
Texto tirado do livro: O Evangelho Maltrapilho de Brennan Manning
Missionária Rosângela Bieberbach
Comunidade do Redentor
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