Quem de nós, no lugar de Jesus, teria suportado calado tamanho deboche sem reagir e sem fazer “valer os seus direitos”? Imagine ser o dono de tudo e ver seus empregados menos dignos de confiança zombando e fazendo mau uso de tudo. Imagine estar certo e ouvir calado acusações sem fundamento. Imagine colocar sua missão acima de seus interesses a tal ponto de sacrificar sua própria vida. Isso foi o escárnio da crucificação, sendo muito simplicista e reduzindo a poucas palavras algo bem maior.
Inegavelmente isso foi necessário para que nos momentos seguintes, quando deu Seu último suspiro, Ele fosse reconhecido como verdadeiro Filho de Deus. Esse contraponto faz parte do cenário. Mas, e quanto a nós, em que somos alcançados?
Além de sermos chamados a tomar cada um a sua cruz, sermos imitadores Dele, viver como Ele viveu, além de todos estes aspectos, temos de aprender aqui uma lição. Aquele que se deixa humilhar será exaltado, desde que seja em justiça e dentro da missão de Deus. Precisamos lembrar que de Deus não se esconde nada, então fingir ou fazer vista grossa é uma ideia ruim.
Não adianta agir errado, dar mau testemunho, fazer coisas repreensíveis, usurpar de autoridade – depois querer ser “o cara”. Mas faz muita diferença aguentar desaforo estando certo para que no momento seguinte a verdade seja revelada e o verdadeiro justo seja reconhecido. Eu já vivi isso algumas vezes, mais do que gostaria para ser sincero. Dei-me por derrotado e na verdade estava como que grávido da vitória sem perceber. Deus tinha um alvo claro, eu tinha certeza. Outras vezes perdi a bênção por que não me foquei no alvo e o processo me cegou.
Não adianta também bancar o “panaca” relevando situações em que estamos simplesmente sendo explorados. É preciso sabedoria para diferenciar as coisas. É perfeitamente correto fazer valer seus direitos, mas cuidado – nesse rompante alguns têm perdido de ser abençoados apenas por se afobar em provar que estão corretos.
Jesus não teve pressa, tinha clareza de seu alvo. Para ressuscitar precisava morrer antes, para ser exaltado precisava ser humilhado antes, para reinar precisava servir antes, para ser adorado precisava ministrar antes, para sentar à destra do Pai teve de sofrer antes.
Se tivermos clareza de nosso alvo, bastará olhar em frente e ver tudo que surgir como obstáculo a ser superado. Simples assim. Com esta perspectiva é fácil entender quando se calar e quando se impor. O alvo nos define.
Qual é seu alvo?
Senhor, agradeço por me mostrar que mesmo sendo humilhado posso estar no caminho certo. Ensina-me a discernir as situações para saber como agir.
Mário Fernandez