Reflexão

Cruz – Fins



“E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras; E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados” (Mateus 27:51,52)

Este trecho das Escrituras me fascina, pois me imagino na hora e lugar onde aconteceu. Fico pensando que ao testemunhar esses eventos cataclísmicos, pareceria que o mundo iria acabar. Um véu espesso como uma cortina de cordas se rasga, o céu escurece, a terra treme, um bando de mortos sai andando pela cidade. Cenas de filme, certamente. Sim, era o fim. Mas não de tudo.

Era o fim da separação entre o santo e o santíssimo. Note bem, o profano continuou do lado de fora, mas aquilo que é santo (representando a humanidade) e o santíssimo (representando o Senhor Deus Todo Poderoso) deixaram de ter uma cortina, uma separação, uma divisória, um bloqueio. Abre-se um novo e vivo caminho direto ao santíssimo, inaugura-se um novo tempo de comunicação clara e direta junto ao Senhor, faz-se tudo de outra forma e de outro modo. O sumo sacerdote não precisa mais entrar ali anualmente, eu posso ir sozinho. Não preciso mais temer a presença do Senhor (e morrer) pois o véu rasgado é um convite à intimidade. Não tem mais segredo, o véu está rasgado. E mais: rasgou-se sozinho, em dois pedaços, de alto a baixo.

Era também o fim da firmeza da terra, que todos acreditavam ser a base firme e sólida para o homem estabelecer seu reinozinho patético, frágil e mais dependente do que admite. A terra firme tremeu. A força do homem foi abalada. Não adianta correr, não há onde se esconder. Foi o fim do que poderia ser razoável e fazer sentido, Deus não quer mais isso, agora ele quer intimidade. Foi uma declaração de poder supremo, de uma força descomunal incompreensível, foi um abalo de fundações e fundamentos, a ponto de rochas se fenderem. Nada mais precisa ser firmado em solo. Agora podemos voar, nada mais nos impede, Ele nos convida à Ele e nos dá o empurrão que faltava declarando que não somos nem podemos nada.

Era ainda o fim do império da morte, pois os mortos começam a voltar, a prisão deles foi revogada. Aquilo que nunca teve remédio agora tem. Mesmo que até os nossos dias há os que creiam que “pode-se dar jeito em tudo menos na morte” EU DISCORDO. Jesus deu jeito nela sim, não precisamos temer uma derrota com ela, não precisamos fugir como quem não pode vencer. A morte de Jesus matou a morte de dentro para fora. Foi o “cavalo de troia” mais poderoso, sobrenatural, intempestivo e irreversível de toda história da humanidade. Nunca mais olharemos para a morte com os mesmos olhos.

Rasgou-se tudo: a separação, a terra e a morte. O que resta para ser rasgado? Talvez o véu do meu ou do seu coração, talvez os fundamentos da minha e da sua alma.

Mário Fernandez

ICHTUS
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