“E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus.” (Colossenses 1:20)
Um aspecto pouco mencionado ou pouco estudado da reconciliação é o antecedente, ou seja, a certeza de que havia algo para ser acertado. Andávamos por aí perdidos e fomos resgatados. Para este resgate ser viável foi necessário uma missão de resgate. A missão era completamente suicida (não no sentido de tirar sua própria vida mas de entender que era morte certa), mas ainda assim o emissário a aceitou.
Sem entender que o perdão/reconciliação só faz sentido tendo havido uma ofensa, nos tornamos muitos frios no relacionamento com Deus. A noção do tamanho e da seriedade de nosso estado de perdição dá sentido ao sacrifício da cruz como ferramenta de reconciliação. É lindo pregar e meditar no nosso estado de reconciliados e salvos, mas não vale o preço se negligenciar a consciência de nosso passado. Não é remoer trauma nem semear medo/pânico – é manter na memória a lembrança que abana as brasas da gratidão, do bom senso e, por consequência, da adoração.
Eu creio sinceramente que há um segredo nesse assunto que só entenderemos na Glória, principalmente por que me intriga a expressão “tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus”. Há muito mais nos céus do que podemos entender ou imaginar. E cá entre nós, na terra também, embora nos custe admitir. Se isso se refere aos já recolhidos pelo Senhor ou aos anjos ou a qualquer outra coisa, sinceramente, pouco importa ou afeta a vida prática. O importante é que eu e você, vivos neste presente período, fomos alcançados.
No mundo dos negócios frequentemente ouvimos falar de escândalos milionários, de pessoas ou empresas que “aparentemente” sem escrúpulo algum simplesmente levam empreendimentos à bancarrota e prejudicam milhares. Isso acontece no mundo todo, mas não acontece no Reino de Deus. O Único Todo Poderoso que poderia nos deixar no prejuízo fez de tudo para que acontecesse conosco justamente o contrário – quebra tudo mas não quebra comigo.
Nosso Pai Celestial arcou com todo o prejuízo, com todo dano, com todo custo. Pagou o preço da nossa dívida como se fosse miséria, mas não era. Eu, sendo um ser pensante e minimamente razoável, preciso reconhecer a grandiosidade desse ato.
Louvado e exaltado seja Aquele que deu tudo por mim, enquanto eu era menos do que nada. Agora, sou redimido, resgatado e tenho herança na eternidade. Se isso não é motivo de gratidão, o que seria?
“Senhor, não me permita tornar comum ou vulgar aquilo que fizeste por mim. Quero manter aceso em mim o fogo da gratidão.”
Mário Fernandez