Você alguma vez se comportou como Esaú, desprezando a bênção ou o projeto de Deus para você? Eu acredito que, conscientemente, você não deve ter feito isso, assim como eu também não me lembro de ter feito.
Você acha que Esaú percebeu que estava fazendo isso? Se você ler com cuidado a história e tentar compreender atitudes e características das pessoas envolvidas perceberá que Esaú, naquele momento não tinha ideia da besteira que estava fazendo.
Percebemos, pela dinâmica da história, que Esaú era o camarada que agia sem medir as consequências, talvez estimulado pela preferência do pai por causa de seu porte físico e de suas aventuras em caçadas; seu espírito livre, como diriam alguns hoje. O fato do texto destacar que ao chegar aos 40 anos de idade ele tomou para si esposas dos habitantes do lugar, contrariando o desejo dos pais, demonstra que ele tinha uma vontade independente e não media as consequências dos seus atos.
Ao vender a primogenitura (o direito de herança pertencente ao irmão mais velho), Esaú demonstrou não valorizar aquilo que não fosse imediato, já que este direito só seria usufruído quando o pai morresse. Fazê-lo por um valor tão pequeno e por motivo tão espúrio, fez o autor do texto escrever que ele o “desprezou”.
O que Esaú não compreendia, mas Jacó demonstrou ter discernimento, é que junto com a herança vinha a promessa de Deus, a mesma que Deus fizera para seu avó e para seu pai. Prosperidade, riqueza, território, descendência e influência estavam incluídos e Jacó, sabendo que seu irmão não valorizava isso o suficiente para esperar o tempo de Deus, tratou de conquistar para si o direito a essas bênçãos.
Eis algumas atitudes que são semelhantes a “desprezar” a bênção de Deus:
Não crer que a bênção exista ou valha a pena. Podemos perder a bênção por não crer nela. A Bíblia registra que Deus responde as nossas orações, mas nós não oramos e não buscamos a Deus regularmente. Ela fala que devemos obedecer ao mandamentos para vivermos bem, mas insistimos em tentar viver bem quebrando-os todos.
Não esperar o tempo correto para usufruir a promessa. Alguns até creem e, por isso mesmo, querem-na agora. Mas Deus tem seu plano para nós e o tempo determinado para as coisas acontecerem. Será que a vida de José faria sentido se os sonhos que ele recebeu tivessem se cumprido logo que eles ocorreram? No tempo certo, José viu que os sonhos se realizaram no momento em que eles puderam abençoar a todos.
Não trabalhar pelo cumprimento da promessa. Tem gente que acha que tudo que Deus promete cai do céu de mão beijada. Ledo engano. Na maioria absoluta das vezes, o sonho ou a promessa que Deus dá implica, na verdade, que você deve trabalhar (e muito) por ele, porém, com a fé de que Deus o abençoará e o ajudará a conquistá-lo. Jacó demonstrou esta atitude ao trabalhar pelas suas esposas, garantir a descendência e aumentar seu patrimônio, pois esta era a forma de usufruir as bênçãos de seu pai e de Deus.
Desistir. Esta é uma das formas mais comuns de desprezar a bênção de Deus. Começar e não perseverar até conseguir ver o cumprimento da promessa. O teste do tempo, das dificuldades do trabalho e das adversidades fazem muitos abandonarem a caminhada. Já imaginou se Jacó, ao descobrir que a mulher desejada havia sido trocada no casamento, desanimasse, desistisse e ficasse por isso mesmo? Não teria casado com Raquel, não teria José, que não teria sonho, não teria Egito e todos poderiam ter morrido quando veio a fome sobre a terra. O fato de não ter desistido, fez a história registrar a intervenção de Deus e a salvação de muitos.
Não sejamos como Esaú. Não abramos mão das promessas de Deus e dos sonhos que Ele colocou em nosso coração. Persigamos com perseverança aquilo que Deus tem para nós.
Se você não fizer isso pelo que Deus te deu, logo ouvirá um Jacó, com uma panela, atrás de você perguntando: Vai um prato de lentilha aí?
Vinicios Torres