Reflexão

Educados – Vivendo o Evangelho



Eu fui um adolescente xarope. Eu era bem gordo, bem inseguro, bem tímido, bem complicado – mas acima de tudo eu era um chato. Eu seria aquele tipo de homem adulto que jamais chegaria a lugar algum, simplesmente por não tentar de medo de dar errado. Eu tinha lá as minhas paixões, mas não lutava por elas. Eu tinha sempre um amigo (literalmente um) e de tempos em tempos alguma coisa acontecia e eu tinha de começar de novo. Não conto isso com muito orgulho, na verdade, mas é um testemunho de milagre.

Quando conheci a Cristo eu tinha meus 19 anos e tinha evoluído muito como pessoa. Um emprego me proporcionou oportunidades, mudar de escola me proporcionou aprendizado e a sucessão dos fatos foi escrevendo a história. Mas foi conhecer a graça salvadora que me educou, que me ensinou, que me doutrinou, que me adestrou. Simplesmente mudei de tal forma que nem eu mesmo me reconheço do que eu era, mas como fruto do poder de Deus em mim.

Para viver o evangelho na prática é preciso que ocorram mudanças interiores, de caráter, de disposição, de vontade, de valores. Sem olhar muito longe, em termos de tempo, os anos vão passando e o evangelho continua nos modificando. A pergunta é: como? Para que vivamos de maneira sensata, justa e piedosa.

Não podemos fugir do conceito de vida sensata sem falar de cuidado com a saúde. Vida sedentária em excesso, alimentação desregrada, estresse, hábitos viciados (incondicionalmente repetitivos), uso descontrolado de medicamentos – tudo faz parte de uma vida insensata, pois este corpo não nos pertence, pois é morada do Espírito Santo e foi comprado por alto preço. Vida sensata também é dedicar-se a quem ama. A lista poderia ser enorme, mas basta olhar para a Bíblia e ver o que é sensato para a proposta de Deus para nossas vidas. Sensatez.

Viver de maneira justa não é, no meu conceito, nem frouxo nem apertado. Demasiado frouxo não é justo. Seja na educação dos filhos, no trabalho, nos estudos, no casamento, nas relações sociais, em tudo é preciso uma certa dureza. Mas apertar demais também não é justo. Perder faz parte da vida, seja em dinheiro, opiniões, idéias, conceitos, local de férias. Desde que não seja frouxo nem apertado, será justo. Ceder pode ser justo, permutar pode ser justo, tanto quanto não ceder nem negociar. O ponteiro da justiça se chama, pasme, sensatez.

Viver de maneira piedosa, no conceito deste versículo, é basicamente praticar generosidade. Entenda-se que nada tem a ver com abundância, mas com repartir o que se tem em mãos, mesmo que seja pouco. Mesmo que não seja dinheiro, que seja só uma palavra, um ombro, um conselho, um ouvido. Piedade tem a ver com suprir necessidades, exercitar misericórdia.

Se nos deixamos ensinar ou educar pela graça salvadora de Deus, seremos transformados em semelhança de Jesus e certamente, com total certeza, viveremos um evangelho prático e relevante, que além de mudar a nossa vida vai influenciar as vidas ao nosso redor. Talvez seja isso o que mais falta na igreja de nossos dias: viver um evangelho como estilo impressionante.


Mário Fernandez

ICHTUS
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