“Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego.” (Romanos 1:16 )
Eu venho de uma linha eclesiástica mais tradicional, ou seja o contrário de pentecostal. Naquele tempo se falava e ensinava pouco a respeito do sobrenatural, não por maldade, mas por não ser a ênfase ou o foco. Depois, ao longo da caminhada, acabei indo para uma linha mais carismática, com manifestações de Deus diferentes do início da minha caminhada. Conheci muita gente e muitos grupos nesses 30 anos, alguns bastante extremistas em seus posicionamentos. Poucos e honrosos grupos cativaram meu respeito e minha amizade pelo equilíbrio. Aqui é onde vale a pena meditarmos.
Se o evangelho é o poder de Deus para salvação de quem crer, temos aqui dois lados a serem entendidos, respeitados e cultivados - de forma equilibrada. Temos o poder para salvação (aspecto sobrenatural) e temos o evangelho (anúncio de boas novas, portanto compreensível dentro do natural). O que tem roubado o equilíbrio destes dois lados é justamente a falta de uma compreensão muito simples: uma coisa não invalida a outra, mas complementa. O fato de Deus agir no natural não invalida o sobrenatural e vice-versa. Vemos claramente que, para ser salvo por este poder (evangelho), é preciso crer. Para crer, sabemos que é preciso começar com o entendimento da salvação, mesmo que não plenamente. Ou seja, entendemos na mente e depois isso desce ao coração.
Se assim é para salvação, que é o passo que nos torna legitimamente igreja do Senhor e portanto noiva do Cordeiro, não deve ser diferente em outras frentes do Reino de Deus. Do meu ponto de vista, devemos o tempo todo tratar as coisa de Deus de forma equilibrada, a exemplo da salvação que é totalmente sobrenatural ou espiritual, mas que tem base nas escrituras que são, fundamentalmente, intelectual, portanto, natural.
Quero dizer algo respeitosamente: não precisamos do Espírito Santo para ler a Bíblia, podemos perfeitamente fazer isso sem Ele, desde que sejamos alfabetizados no idioma a ser lido. Estou careca de ver incrédulos lendo e não mudando em nada, bem como imagino (ou suponho) que o diabo saiba mais textos escritos do que nós todos juntos. MAS, precisamos indispensavelmente do Espírito Santo para ter revelação das Escrituras, para que as letras se tornem vida, para que os ensinamentos ali escritos sejam transformados em prática, para que o papel e a tinta se tornem sementes vindas diretamente do trono de Deus, para que fluam rios de água viva do nosso interior (João 7:38ss).
Deus age salvando pessoas completamente malucas, perdidas, esquisitas, tatuadas, viciadas, condenadas, amarguradas, rejeitadas. Mas tambem salva caretas, quadrados, comportados, racionais, eticamente retos. Para uns, a salvação se apresenta sobrenaturalmente, para outros racionalmente e isso não compromete em nada o lado natural (está escrito) nem o lado sobrenatural (é por fé). Aliás, a fé é a maior demonstração de equilíbrio que Deus nos ensinou a desenvolver. Temos de ter firme convicção do que não vemos, mas nossa fé se estimula e aumenta quanto mais temos evidências de sua realidade.
A noiva do Cordeiro é formada pelos salvos. O evangelho é o poder de Deus para salvação do que crer. A fé vem pelo ouvir a Palavra. Tudo tende ao equilíbrio entre o natural e o sobrenatural. Não precisa ser no centro ou no meio, mas uma coisa não pode invalidar a outra - isso poderia matar a noiva.
“Senhor, me ajude a encontrar a dose correta de natural x sobrenatural na minha vida, no meu ministério, na minha igreja local. Das coisas mais simples às mais complicadas, quero ser equilibrado.“
Mário Fernandez
Vive em Curitiba desde 1994, onde desempenha seu ministério local com ensino, liderando células, discipulando homens e ministrando a Palavra.