Jesus diz: Vós sois meus amigos,... (JO 15:14)
Quando Jesus anuncia o Evangelho, este não sucede de um discurso a nossa moda. Jesus é alguém apaixonado por pessoas. Jesus procura conhecer profundamente os que o cercam. Daí decorre o uso de parábolas, que são formas, ganchos, para fixar na mente de seus ouvintes o que ele disse, fazendo-os constantemente pensar, quando em contato chegassem com os elementos que deram luz à parábola.
Jesus, porém e primeiramente, é alguém que sabe ser amigo de seus convidados. Gasta tempo conversando, sentando à mesa com eles. Ele não tem apenas convidados, ele se deixa convidar, como na história de Zaqueu (Lc 19) e Simão, o fariseu (Lc 7). Jesus tem um alvo quando encontra uma pessoa humana, não é encher a cabeça de idéias e ideais, mas lotar o coração com boas experiências de vida, quer com Deus, quer com o outro. Para Jesus, como dizia Exupéry: “Só se vê bem, quando se vê com o coração, o essencial está oculto aos olhos”. Coração tem a ver com amizade. Não se chega ao coração, senão sendo amigo. O coração foge em muito de nossas idéias estereotipadas. Blaise Pascal dizia: “ O coração tem razões que a própria razão desconhece”. Não se derruba pré-conceitos com leis e discursos, se derruba com amizades, aprendendo conhecer ao outro, se tornando amigo. O racionalismo tem ajudado a criar leis, mas não corações e amizades. Inclusive no Brasil é assim, quando se pensa em favorecer minorias com Leis de Congresso e Senado. Leis frias não mudam pessoas, somente corações quentes. Corações quentes sucedem na disposição de gerarmos amigos, amizade. Amizade acontece em um cativar ao outro, em um buscar ao outro. É interessante como no livro, O Pequeno Príncipe, de Exupéry, acontece o ensaio dinâmico da amizade entre o príncipe e a raposa; quando um cativa o outro aos poucos, então o vento, os trigais, a hora certa de chegar, reforçam a amizade e a expectativa do encontro de um com o outro. Ambos crescem em conhecer um ao outro, e tem experiências de um com o outro que nunca imaginaram. Creio que o ensino de Jesus, suas parábolas, era assim para com os amigos que conquistara. Ao encontrar os elementos da parábola, seja a luz, seja o pão, seja o vinho, seja a água, andando por um caminho, Jesus e o que dissera era veementemente recordado. O coração estava lotado de coisas lindas e boas, e os elementos da vida diária ajudavam recordar o amigo Jesus.
Meu desejo é que venhamos conhecer um Jesus diferente, um Jesus amigo, que caminha de nosso lado e nos ensina a caminhar um com outro. Meu desejo é que a nossa vida e carreira cristã sejam mais uma jornada de vida, do que um ensaio religioso e doutrinário. Tenho pressentimento que, às vezes, sabemos muito de cor as coisas do Evangelho, mas ainda não sabemos o que fazer com ele. Li certa vez uma frase de Catharina Elisabetha Goethe, que talvez simplifique e seja um exemplo do que quero dizer: "Quantas alegrias são pisadas e esmagadas porque as pessoas levantam os olhos para o céu e são indiferentes ao que está a seus pés."
Conheça o amigo Jesus nesta jornada e busque também conhecer os amigos de Jesus que ele coloca ao seu lado. E vamos caminhar com Ele!
Pr. Edgar Leschewitz
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