Reflexão

Manifesto - Igreja e Preservação



A natureza com sua diversidade de flora e fauna, combinando viventes na terra, no ar e nas águas, formam o que se denomina de meio ambiente ou cientificamente de biosfera. Nela se realiza o milagre da vida. Diante da dimensão infinita da obra de Deus o criador do universo, a nossa pequena biosfera terrestre, é possivelmente, o que de mais maravilhoso possa haver na criação divina. Neste contesto, por Deus nosso senhor, no último dia da criação, o sexto dia, foram incluídos o homem e a mulher, enfim, a espécie humana. A estes, para o seu sustento, foi dado o domínio sobre todas as coisas da terra. Em Gênesis 2.15 diz: Deus tomou o Homem e colocou-o no jardim paradisíaco do Éden de delícias para o cultivar e guardar. Assim nos ensina o primeiro livro das sagradas escrituras, sobre a criação.

Agora, o século XXI da era cristã coloca a humanidade diante do seu maior dilema existencial. A degradação ambiental milenar, mas com ênfase acelerada nas últimas décadas, é promovida pela única criatura dotada de inteligência pelo criador, o homem com sua atividade econômica exercida quase sempre com pouca ou nenhuma responsabilidade ecológica. A inteligência dada como dádiva, neste particular, não tem sido bem usada. Adentramos a uma era em que não mais é possível só ocupar, explorar e degradar o meio ambiente. Há claros sinais de que o equilíbrio da natureza foi rompido e de que é preciso urgentemente fazer-se algo para reverter esse quadro. Os conceitos de desenvolvimento sustentável devem prevalecer para o bem desta e das futuras gerações. Dessa obra edificadora devem participar todas as religiões. As Igrejas de fé Cristã devem reconhecer que a preservação da obra de Deus, a natureza, é também, parte da sua missão.

A recente tragédia de Santa Catarina, tão próxima de nós, com tantos irmãos atingidos, não encontrará resposta na pergunta que possam fazer pessoas de pouca fé, qual seja: Onde estava Deus? A tragédia ambiental que ali vimos, foi conseqüência da má obra dos homens. A luta pela prevalência dos conceitos e métodos da sustentabilidade onde o social e o econômico se submetem ao ecologicamente correto, não pode mais ficar restrita ao ideário de ambientalistas. Não é bom cristão e não é bom servo de Deus aquele que destrói e devasta a maravilhosa obra do Senhor. Por tudo isso, enquanto Igreja entendemos também como legítimo nos manifestar apontando erros e soluções no campo da gestão pública, alem de emprestar nossa solidariedade espiritual e material para com os atingidos pela catástrofe, como fizemos.

Não é possível dominar o clima. Outras intempéries virão. Se nada mudar na forma como se usa a terra rural e se ocupa o solo urbano, as conseqüências de eventos futuros poderão ser ainda piores. A sociedade como um todo, mas com ênfase os gestores públicos são conclamados ao planejamento, à execução e à fiscalização da sustentabilidade no campo a nas cidades. Não podemos continuar a devastar o pouco que restou de nossas florestas. Matas ciliares precisam com urgência ser recompostas. Morros e encostas desocupados, e os seus vazios darem lugar às novas coberturas de vegetação. O saneamento tem de ser priorizado. As pessoas têm o direito e o dever de morar em locais apropriados para a habitação segura. A tolerância para com práticas de gestão pública contrária a isso merece censura, inclusive ética.

Unamo-nos, pois, entidades de toda ordem, em torno dessa causa comum, que é a preservação da obra do Senhor, para o bem de sua criatura principal, a quem doou sua imagem e semelhança, o ser humano.

Sínodo Paranapanema - Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil

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