Reflexão

O Crepúsculo de uma Sociedade



Tempo há em que um homem tem domínio sobre outro homem, para desgraça sua ( Ecl 8:9)


Foi o Teólogo e escritor alemão, Helmut Thielicke, que comparou a sociedade ocidental como o Filho Pródigo do Evangelho de Lucas 15:11ss. Pedir a bênção e os supostos recursos de direito e de herança, ir embora (sair debaixo da égide e graça do Pai), na intenção de fazer o quê se quer, viver o absoluto da liberdade.

Quando minguam os recursos sabemos o valor que eles têm. Ouro não teria o seu valor, se houvesse em abundância. O Filho pródigo teve que aprender, no singrar da vida, que como filho desperdiçou tudo e que não valorizou a graça abundante da casa do pai. Teve que perceber na tragédia que um empregado simples na casa do pai vivia melhor que ele na situação atual, na liberdade que ele tanto almejou.

A Revolução Francesa proclamou: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Estados Unidos e Brasil beberam destas fontes. A França, senhora de si, experimentou a liberdade na revolução dos pequenos comerciantes burgueses, expulsaram a igreja, romperam com Deus, guilhotinaram a realeza, na condição de viver plenamente a liberdade. O Rio Sena foi banhado com sangue. Experimentaram a "liberdade" no seu absoluto, mas jamais a igualdade e muito menos a fraternidade. Nem suas leis republicanas, nem sua austera educação, baseados no homem, conseguiram gerar um ser humano melhor, mas sim pior. França, Estados Unidos e Brasil esqueceram que, se chegamos onde estamos, é pelo fato que, no decorrer de cada geração, foram semeados temor a Deus e busca por dignidade, respeito, honra e virtude entre as pessoas, na perspectiva de Deus em Jesus Cristo. Desconheceram e ignoraram a bênção que daí decorre do alto.

Quem andar pelas ruas há de perceber a inquietude que nos cerca. Um ser humano que tudo já experimentou, que lentamente percebe sua pobreza e sua ausência de esperança. Um ser humano que começa fazer perguntas e que não mais consegue viver o extremo da cobiça: nele estimulada pelos meios de consumo e poder. Um ser humano que começa a ficar acético, desconfiado, não consegue mais crer no que dizem. Um ser humano traído em sua crença e em seus ideais. Junto a sensação por algo que não sabe dizer, uma saudade de alma e um vazio de esperança. Um ser humano que se não for ajudado a encontrar o caminho, partirá para a revolta, para a guerra, para a violência. Um ser humano, um filho, que precisa de atenção, de sinceridade, de direção e verdade, mas, sem antes, um abraço de compaixão. Estamos dispostos a ser compaixão sincera e apontar o caminho, reconstruindo o que a cobiça e o sistema acabaram? Estamos dispostos a ir para a rua com dignidade, paz e dizer que assim não dá mais, que somos parte desta sociedade e responsáveis também por ela?

Que Deus nos ajude !
Edgar Leschewitz
(Teólogo - Educador)

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