O Mundo como o conhecemos
Quando olhamos a nossa volta, não há como não sermos impactados e questionados pela crescente escalada do mal em todas as suas formas de manifestação. Diante desta realidade, o cético pergunta a respeito da “ausência” de Deus: “Se Deus é verdadeiramente bom e todo-poderoso, por que Ele não faz nada? Vai ver Deus nem existe!”, conclui o cético.
Aqui é preciso acrescentar uma breve idéia: Será este então o melhor dos mundos que Deus podia ter criado? De modo simples, podemos dizer que há só quatro mundos possíveis. O primeiro é que não houvesse criação. Não haveria sido melhor para Deus não criar mundo nenhum do que criar este, onde o bem e o mal são possíveis? A segunda possibilidade seria criar um mundo onde só o bem seria escolhido, uma espécie de mundo robótico. A terceira opção teria sido aquele onde não existiria nem bem nem mal, um mundo amoral. E, como última opção, temos o nosso mundo como o conhecemos, onde o bem e o mal coexistem, com a opção de escolher um ou outro. Quando introduzimos a questão do que haveria sido melhor, evocamos um ponto de referência absoluto, e isso só podemos fazer se Deus existe. Analisando bem as quatro possibilidades acima, só no nosso mundo, do jeito que o conhecemos, o amor é autenticamente possível. O amor de uma mãe por seu filho. O amor de um homem por sua mulher. O amor do amigo pelo amigo. O nosso amor por Deus. É preciso aceitar que o amor é a ética suprema que conhecemos, e quando o amor é possível, a liberdade e a possibilidade de sofrer o acompanham.
Por Seu caráter, só Deus é expressão absoluta do amor que nunca é isolada da santidade. Deus é amor (1Jo 4.8, 16) e Deus é santo (Sl 99.9; Is 6.3; Ap 4.8 etc.), diz a Bíblia. Deus não pode ser, ao mesmo tempo, santo e não amoroso, ou amoroso e não santo. Assim, quando as pessoas dão as costas a Deus, perdem a fonte que define o amor, vivem na dor da impiedade e do mal, o sofrimento permanece um enigma, deixando o caráter imperfeito na procura de uma lei moral e a mente finita gritando por uma resposta para tudo o que vêem e não entendem. Quem de nós não sofre ao ver um puro amor maltratado e desprezado? Nosso coração anseia por um amor puro, e nesse mundo nós perdemos ambas as definições porque se nega a sua fonte, que é o próprio Deus. Para entendermos o verdadeiro amor e santidade, precisamos nos aproximar de Jesus, do Cristo crucificado, onde o amor, a santidade e o sofrimento se juntam. Na cruz o sofrimento jorrou sem medida, mas a vitória aguardava. Quando nos chegamos à cruz e partindo dela vivemos nossa vida por Jesus, fazemos a descoberta extraordinária que a cruz e a ressurreição andam juntos. Assim, onde o amor é possível, ali também o é o sofrimento. Onde está a promessa da ressurreição, também se promete lágrimas. O céu é a confirmação de nossa escolha, de amá-Lo e de estar com Ele para todo o sempre. Esta é a esperança de quem segue a Cristo, a Vida Eterna que transcende este mundo como o conhecemos.
(adaptado do livro: Do Coração de Deus)
P. Jacson Eberhardt
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