Reflexão

Oração – Vivendo o Evangelho



Nos meus mais de 28 anos de vida eclesiástica tenho ouvido todo tipo de baboseira sobre achegar-se a Deus, inclusive com algumas práticas que beiram o exoterismo. O que resolve e o que funciona, o que tem base bíblica e teológica, o que é fato e não é ficção: VAI ORAR MEU IRMÃO.

Quando vivemos um evangelho genuíno, interior e simples de tudo, a vida de oração é igualmente simples e marcante. Sem preconceitors, sem formatos específicos, apenas um diálogo franco, aberto, sincero e natural. Falamos com as pessoas de forma adequada e proporcional ao sentimento que temos por elas. Se gritarmos com a esposa (marido) demonstramos desrespeito e falta de tato. Se falarmos asperamente com o chefe, colocamos o emprego em risco. Se estamos apaixonados nossa conversa adoça bastante. Quando temos interesse numa vaga escolhemos bem as palavras na entrevista. Quando estamos apavorados perguntamos ao médico mais do que o necessário. Pergunto: não seria assim com Deus também? Embora Ele não seja humano, Deus é um Ser pessoal e somos sua imagem e semelhança.

Devemos aprender que viver o evangelho é simplesmente conversar com o Pai como quem quer se achegar a Ele. Não é a mesma conversa de quem procura um emprego, certo? Nem precisa ser. Não é como quem xinga um fornecedor que não atendeu a contento, certo? Nem deve ser. Então como deve ser?

Deve ser uma conversa do seu jeito, no seu estilo, no seu palavreado, na sua forma. Deve ser tal como você se aproximaria de uma pessoa com quem faria amizade ou desejasse ser próxima. É simples assim. Achegar-se é aproximar-se. É desejar intimidade. Sem crítica, sem preconceito, sem fórmulas. Quem quer conquistar tem que se aproximar, tem que chamar atenção para si. No caso de uma namorada (ou candidata) o que pode chamar a atenção é uma aparência atrativa, um comportamento charmoso, atenção, bons modos, atividades em comum, interesses. E no caso de Deus, o que te parece ser o que chama Sua atenção?

Biblicamente só vejo duas coisas chamando a atenção de Deus: humildade (coração quebrantado) aplicado a um clamor; louvor (elogios) que não é nem música nem poesia mas reconhecimento e gratidão. Estas duas coisas são como um perfume que desvia o olhar de Deus para quem o busca. Experimente dedicar meia hora do seu dia a menos de qualquer outra coisa e fique apenas elogiando o Senhor pelo que Ele fez e ainda faz, pela Sua natureza e santidade, pelas promessas futuras. Só experimente.

Vida de oração é um estilo de vida, é uma constância, é uma continuidade. É tirar tempo para ter intimidade de conversa e proximidade. Mas também é aproveitar cada minuto dirigindo sozinho, andando pela rua, qualquer possível perda de tempo. Isso é produto de uma decisão clara e consciente e, principalmente, de um desenvolvimento.

Viver o evangelho é manter e preservar um estilo.

Mário Fernandez

ICHTUS
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