Reflexão

Que é a vossa vida? (Tg 4:14).



Quando chegamos ao mundo, saímos do período fetal, lugar quente e acolhedor. Somos jogados a uma realidade fria, começamos a chorar. Segundo os que nos acompanharam, isto é "sinal de vida". Entorno, estão os pais fazendo torcida, e logo o "choro é coisa feia". Entre um gesto e outro que fazemos, logo somos enquadrados no: Isto é coisa bonita, isto é coisa feia. Quando fazemos certo aos olhos dos pais e demais, logo aguardamos: Isto é coisa bonita ou isto é coisa feia. Aguardamos as palavras por um tempo, em outro tempo os aplausos e as considerações dos que julgam: Isto é coisa bonita, ou isto é coisa feia.

Assim a vida se transforma num palco, ou num picadeiro. Em grande ou pequena escala, teremos nossos espectadores: alguns ou multidões. Seremos astros ou palhaços, sempre aguardando os aplausos e a consideração: isto é coisa bonita ou é coisa feia.
Enquanto crescemos, não nos damos conta, como somos empurrados por esses dois extremos. Seja pelos nossos progenitores, seja pelos nossos educadores, seja pela sociedade e pelas leis estabelecidas. Aplausos para quem faz as coisas certas; repugnância, enxoto, para quem faz as coisas erradas.

A grande maioria das pessoas vive entre estes extremos, investindo em palco e picadeiro, aguardando dos expectadores próximos ou longe: aplausos e consideração. Vemos isto na forma de como as pessoas se expõem, seja no traje da moda, no carro que tem, nas viagens que dizem ter feito, na forma de como se relacionam e falam (paparicam), na beleza estética exacerbada, nos diplomas lisonjeiramente expostos. A forma desequilibrada disto tudo é apavorante e doentio. Bem, começa a prestar atenção ...!

O escritor Tiago faz uma pergunta crucial: "Que é a vossa vida?" A vida é mais do que viver entre o certo e errado, a vida é mais do que fazer dela um palco, reunir aplausos, considerações e fãs, investir em posses, belezas fugazes. Pois, um dia não haverá mais palco nem picadeiro, não haverá mais multidões aplaudindo. Um dia, como nu saí, nu devo retornar (Jó 1:21), e o que de mim sobrou, em que braços cairei?

Este é o desespero humano, de grandes e pequenos, pobres e ricos, de astros, atrizes e cineastas, quando percebem, tiram as suas vidas, acreditam não haver mais esperança, pois investiram toda a vida nestas: neblinas e ventos.

Quando Jesus diz que a verdade vos libertará (Jo 8:31-36), isto significa, seremos puxados para fora desta forma medíocre de ver a vida e levados a rever nossos dias com ele. Deixaremos de contar nossos dias entre acertos e erros, entre aplausos recebidos e vaias alcançadas; entre anos, dias e meses; entre sermos jovens ou velhos. Contaremos a vida em Deus, existiremos no tempo em Deus e para ele, para seu propósito. Talvez desejaremos fazer com Abraão, sair do meio dos expectadores e comentários da parentela, para ser bênção de Deus na vida e para a vida (Gn 12:1-3). Ou ainda, fazer como Paulo,não sendo mais Saulo (o líder), mas Paulo (pequeno, insignificante), para que a glória e a honra de Deus sejam mais nítidas para a vida (Fp 3:4-11).

Viva a vida no propósito de Deus, assim poderás dizer pelo resto de teus dias:
As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto, esperarei nele. Bom é o SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o busca (Lm 3:22-25).

Pr.Edgar Leschewitz

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